Cely na Espanha,em Barcelona, na cidade das corujas - Monjuic

Cely Vianna é natural de Salvador, tem 44 anos, sendo que 15 deles dedicados ao ensino de língua espanhola. Atualmente trabalha no IFBA, Campus Salvador, como professora titular. Ama sua profissão e se realiza quando entra em sala de aula ou está desenvolvendo alguma pesquisa. Fica triste quando vê que qualquer pessoa pode entrar em uma sala de aula hoje no Brasil, mesmo não tendo a mínima idéia do que seja atuar como docente.
Maria Preta - Você acha que existe Racismo na Bahia e no Brasil?
Cely Vianna - Sim, pois os brasileiros em sua maioria não querem lembrar que possuem descendência africana. Isso já denota preconceito e racismo, pois se não quero lembrar é porque me sinto inciomodado com isso. Na Bahia a firmação da negritude é muito forte, mas mesmo assim há um preconceito velado no cotidiano que aflora em momentos de fala e de atitudes sem reflexão da população.
MP - Você já foi vitima de algum tipo de discriminação?O que mais te marcou?
CV - Sim, pois uma negra trabalhando com língua espanhola... não é muito comum. O que mais me marca é a atitude das pessoas ao saber que ensino espanhol e respondem... "Você? Professora de espanhol... Que chique?" Ou seja, como uma negra pode ser professora de espanhol? É o que pensam, mas dizem de uma forma que para eles não é preconceito.
CV - Me parece uma forma de levar a população a refletir sobre as formas de racismo que existem e ficam submersas em atitudes diversas que estão aí para todo mundo ver, mas as pessoas fingem que não existem: como colocar um negro no fundo de uma campanha publicitária, pedir foto no currículo e boa aparência, etc.
MP - Na sua opinião o que precisa ser feito para mudar esse quadro?
CV - Levar as crianças a pensar que o diferente não é ruim... é ótimo! Os adultos que colocam na mente das crianças o preconceito, e este se torna adulto repassando a visão de mundo dos pais ou responsáveis.
Obrigado Professora Cely
Obrigado Professora Cely
Um comentário:
Professora Cely,
"Levar as crianças a pensar que o diferente não é ruim... é ótimo! "
é isso mesmo, achei fantástico seu depoimento, realmente nós adultos , que formamos os futuros cidadãos de nosso planeta...
Rita
Postar um comentário