terça-feira, 20 de setembro de 2011

Um sentimento de igualdade racial



Marco Antonio Zito Alvarenga é Presidente Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de SP


Vivemos num momento de falso sentimento de igualdade racial, escorado no preceito formal da Constituição Federal, que entrou em vigência em 1988. O artigo 5º e incisos, dão a ideia de que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”.

Contudo, transcorrido 24 (vinte quatro) anos, a questão racial não passou para o campo da realidade, a fim de garantir o acesso às oportunidades.

Em abordagem ao teor do texto constitucional extrai-se a necessidade de implantação, manutenção e propositura de políticas públicas aos negros e negras para termos a tão sonhada igualdade de direitos.

Caso contrário, teremos a legislação sem o seu efetivo cumprimento, não sendo assegurada à cidadania de forma igualitária como prescrita.

O aumento das manifestações em favor da intolerância racial, religiosa e o repúdio as relações homoafetivas, mostra as entranhas de um País totalmente diferente da imagem que é vendida no exterior, de um povo afável, respeitador, cumpridor da nossa Carta Magna, onde se impera a diversidade, sendo aqui "uma Ilha da Fantasia". Certo que no Brasil, isso não ocorre.

Olhando para o quadro que reproduz a posição e situação do negro no Brasil, emerge o sentimento da frase "Liberdade, Liberdade Abre as Asas sobre nós", reproduzida na letra do samba enredo da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, no desfile de Carnaval, do Rio de Janeiro, na década de 1990. Nota-se que, as asas se abertas, não albergam ao povo negro, nem mesmo o pássaro da liberdade nos reconheceu como ente de sua prole.

Acrescemos ainda que, a frase sobre o pássaro da liberdade tem como origem o Hino da Independência do Brasil de Portugal.

Retornando o foco central de nosso escrito, é do nosso entendimento, a existência de um abismo sócio/econômico, agravado pela questão racial que ocorre no seio da sociedade brasileira, em especial a paulista e paulistana.

E mais, negros e negras de qualquer idade não tem os seus direitos e garantias respeitados, seja pela impossibilidade de acesso à educação de qualidade, seja no atendimento digno de prevenção à saúde, ou na proteção de sua cultura e liberdade da prática de culto das religiões originárias da África.

Ressaltamos por oportuno que, no passado era mais difícil e tivemos muitas conquistas graças ao movimento negro.

Conquanto, ainda temos muito a percorrer para colhermos bons frutos desta luta incessante.

Por isso, o Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de SP, na qualidade de instituição pública, voltada às políticas públicas e com o propósito de implantar ações afirmativas em favor de nossa comunidade, emerge com a escolha de seus conselheiros e presidente para a gestão 2011/2014.

Os novos membros que compõe o Conselho e serão empossados por ato solene do Governador Geraldo Alckmin, representam um grupo unido, coeso e com sólidos conhecimentos, para realizar as atribuições do cargo.

Adicionado a isso, precisamos da participação popular e buscar do Estado visão, audição e principalmente a sensibilidade para nossos anseios e pleitos.

Nestes quatro anos, acreditamos na realização de uma gestão conjunta e propositiva.

Fonte: Correio Nago

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