terça-feira, 12 de junho de 2012

Transformações culturais - Para que serve um jornal online? Ganhar dinheiro ou prestar serviços? Por Carlos Castilho

Essas duas perguntas ganharam importância depois da consolidação da tendência de reduzir a circulação de versões impressas de jornais e a migração do noticiário de atualidade para as versões online.
A tendência já é um fato nos Estados Unidos e uma perspectiva cada vez mais concreta na Europa, onde os prognósticos sobre faturamento dos jornais, para o biênio 2012-2013, deixaram de ser sombrios para se tornarem trágicos.
A mudança do formato papel para o digital está sendo orientada por questões basicamente financeiras, de economia e de ajuste no fluxo de caixa. O que está sintomaticamente ausente nas justificativas das empresas jornalísticas são questões ligadas ao noticiário e às transformações que a migração para o online provoca entre os usuários e nas próprias empresas.
Se a opção pelo online for tratada apenas pelo lado da economia, do corte de gastos e de pessoal, as empresas estarão empurrando a crise com a barriga, pois o negócio da notícia pela internet é qualitativamente diferente no modelo da informação em papel.
Na era do impresso, as opções informativas eram reduzidas e materializadas. No caso da Web, o cardápio noticioso é quase ilimitado e imaterial. Ambos os fatores influem no custo e consequentemente no faturamento.
O cálculo do custo-benefício da notícia impressa é facilmente quantificável, o que não acontece na plataforma digital, onde ninguém, até agora, conseguiu descobrir uma fórmula segura para ganhar dinheiro. Para pesquisadores, como o norte-americano Yochai Benkler, da Universidade Harvard, tudo leva a crer que a noticia online jamais será um bom negócio porque se trata de um produto extremamente barato por causa da grande oferta.
Logo, o diferencial entre os provedores de informação jornalística vai se dar inevitavelmente pela prestação de serviços ao público. A notícia deixa de ser uma commodity comercializável para se tornar um bem público, o que significa uma volta às origens do jornalismo, quando ele ainda não era uma indústria movida a lucro.
Além dessa, há outra mudança provocada pela migração para a notícia de atualidade na internet. Os jornais estão associados à função de fiscalizador dos governos e empresas privadas na cultura informativa tradicional.
Recentemente editores de jornais como o The New York Times questionaram se a redução dos dias de circulação dos jornais não acabaria com o hábito de os leitores seguirem diariamente a evolução de uma investigação.

Fonte: Observatório da Imprensa

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