Fonte: Afropress
Jose Dirceu, Ministro no Governo Lula. (Foto: Internet) |
S. Paulo - Embora representem 50,7% da população brasileira, de acordo com o Censo do IBGE 2010 – 96,7 milhões -, e estejam sub-representados no Senado, Câmara Federal, e em todo o parlamento brasileiro nos três níveis – União, Estados e Municípios – os negros estão fora da reforma política.
Sem chances
“Não vejo chance nenhuma de ser aprovado. Acha muito difícil a Câmara fazer reforma política. Primeiro, não vai fazer distritão, não vai acabar com voto obrigatório, isso porque precisa de dois terços, 308 votos duas vezes, isso não tem. É mais provável uma reforma como a que nós estamos propondo, que depende de maioria simples. Basta votar 258 que é maioria, já tá aprovado, que é o voto distrital, que é financiamento público”, acrescentou.
No projeto da reforma, que deverá ser votado até o final deste mês, mas que deverá ter vigência apenas nas eleições de 2014, foi assegurada a participação das mulheres na proporção de uma para cada três candidatos.
No Congresso realizado no mês passado, o PT aprovou cotas para negros e indígenas e jovens, na proporção de 20% para cada segmento e paridade para mulheres, posições que o ex-ministro agora admite que serão bandeiras para o público interno, uma vez que o “o projeto de comum acordo com os outros partidos, é o programa mínimo, aquele que foi anunciado.
Racismo e desigualdades
Na entrevista, concedida no intervalo da palestra em que o ex-ministro falou sobre a conjuntura política e econômica na sede da União Geral dos Trabalhadores – UGT -, da rua Genebra, centro de S. Paulo, Dirceu falou sobre a questão do combate ao racismo e o enfrentamento da desigualdade.
“Acho que nós temos avançado no Brasil, até por causa das políticas do Estatuto, dos quilombolas, das mudanças na cultura e também na educação, no ensino fundamental, no ensino médio, as cotas nas universidades, mas nós temos de avançar muito mais”, assinalou.
Para o ex-ministro, apesar das medidas adotadas nos Governos Lula e Dilma, é preciso fazer com que a legislação discrimine positivamente a população negra brasileira. “ Existe um problema mais estrutural de renda, de ascenção social da população negra brasileira, que acho que acho vai avançar também como os avanços a universalização dos serviços públicos e o avanço do emprego, acho que ajuda, e o acesso à Educação, mas a legislação tem que discriminar positivamente”, frisou.
O ex-ministro, que continua sendo um dos homens mais poderosos da República e que diz desejar “ser julgado logo pelo Supremo Tribunal Federal, para que fique provada a minha inocência, porém, é direto quando perguntado sobre se a desigualdade racial no Brasil será resolvida naturalmente. “Eu não acredito que naturalmente isso se resolva como as experiências nos outros países demonstraram isso, particularmente os EUA, que foi o país que manteve até a década de 60 os negros sem os direitos civis, foi preciso uma longa luta de mais de 15 anos para conquistar os direitos civis”, finalizou.
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