Outro dia vi uma foto chocante: ele de pijama, abatido, esquálido, amparado por um amigo, na luta terminal contra um raro câncer de pâncreas. A morte já o espreitava de perto, mas a esperança de tê-lo entre nós por mais algum tempo ainda era forte. Por isso, não tive como evitar o pesar quando soube do desfecho. Ele estava morto, arrancado deste mundo que ajudou a revolucionar por meio de sua relação visceral com a tecnologia. Em pouco mais de três décadas, anunciou o Jornal Nacional, Steve Jobs inventou o eletrodoméstico chamado computador pessoal e reinventou a forma como as pessoas lidam com a música, com os telefones… e com o próprio computador.
As imagens dos monitores ligados aqui na redação exibem homenagens mundo a fora. A lendária maçã mordida invade as telas. É um dos símbolos do legado do mestre. Não por coincidênca é uma maça. Que outro fruto poderia exprimir o peso da criação de um gênio? Lamento o sofrimento que ele deve ter enfrentado e a perda irreparável para a humanidade.
Nesta nossa seara, vai fazer falta. Quando a ONG Greenpeace divulgou em 2006 que os laptops da Apple continham substâncias tóxicas, perigosas à saúde, o mestre escreveu uma carta aberta ao público em que admitia as falhas da empresa nessa área e determinava a remoção de materiais químicos perigosos dos seus produtos. Três anos depois, um novo dado da ONG apontou que os produtos da empresa de Steve Jobs foram considerados “livres de substâncias danosas”.
De acordo com o Portal Ecodesenvolvimento, uma das maiores ferramentas da Apple na luta por se tornar uma empresa mais sustentável é o MacBook Pro. Lançado em 2008, o laptop é comercializado com o slogan de “o mais ecológico da história”. Altamente eficiente, a máquina consome apenas um terço da energia de uma lâmpada quando ligado. Além disso, não possui mercúrio, PVC, nem arsênico na sua composição e é manufaturado em monobloco, o que facilita que as peças do computador sejam reutilizadas quando o equipamento for descartado.
O último lançamento de Jobs, o iPad, também é livre de uma série de produtos tóxicos, como arsênico, poluente BRF, mercúrio e PVC, possui alumínio e vidro na sua composição, o que o torna potencialmente reciclável, e possui alta eficiência energética – a bateria do produto pode aguentar 10 horas de vídeo e até um mês em stand-by (tempo realmente surpreendente).
Com a popularização dos aparelhos vendidos por Jobs, aumentou também o número de leitores de e-book, ou livros digitais. Com o iPad, ficou mais fácil e confortável ler livros, jornais, revistas e documentos sem precisar usar uma única folha de papel.
Além dos livros, na loja virtual da Apple é possível encontrar milhares de aplicativos que podem ser usados em iPads, iPhones e iPods – muitos dos quais trazem a sustentabilidade como tema principal.
A herança eletrônica de Jobs é, de fato, admirável, mas o legado que nunca se tornará obsoleto descende de um outro grande nome da comunicação, a quem aprendi a reverenciar nos tempos de Faculdade. Na década de 60, Marshall McLuhan preconizava que a tecnologia e as inovações tecnológicas são responsáveis pela evolução da comunicação em geral. Ele criou o conceito de Aldeia Global, na qual a era eletrônica e a sua consequente massificação da comunicação, permitem a aproximação social em larga escala, com a relativização das fronteiras e das distâncias no espaço e no tempo.

O visionário Mcluhan morreu quinze anos antes do surgimento da Internet. Não viu a concretização de suas brilhantes idéias. Steve Jobs teve a sorte de acompanhar a revolução que causou nesta nossa cada vez menor Aldeia Global. Não há como fugir à dor da morte, assim como não dá pra deixar de celebrar o exemplo de uma vida bem vivida
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